Branquinho
vivia num lugar enorme e até bem seguro, mas havia nascido com um grave
problema: o medo.
Tinha medo de tudo! Do barulho, do vento, do escuro,
das pessoas... sair, então, nem pensar!
Buliçoso, seu melhor amigo, lhe trazia água, pedaços de
cenoura, raminhos de capim, para que ele não morresse de fome ou de sede, mas
aconselhava:
- Branquinho, você precisa encarar o medo, senão vai
acabar mal...
- Não consigo, Buliçoso! Não consigo! É mais forte que
eu.
Um dia, Buliçoso ficou tão doente que não conseguia sequer
levantar-se...
Branquinho, vendo o sofrimento do amigo, abriu a porta
e saiu em busca do alimento e da água fresquinha que Buliçoso nunca se
esquecera de trazer para ele.
O barulho da estrada fez seu coração disparar dentro do
peito, o vento, soprando forte parecia querer arrancar seus longos pelos, mas
ele, pensando apenas no amiguinho doente, esqueceu o medo que tanto o
atormentava e trouxe tudo que era preciso para garantir a sobrevivência da
vida.
Buliçoso recebeu tudo com muita alegria e disse com
gratidão:
- Branquinho, meu amigo, muito obrigado pela
preocupação comigo. Mas minha alegria maior é ver que você ficou bom da sua
antiga doença: o medo. Quando o enfrentamos ele desaparece.
- O que é o medo, Buliçoso?
- É uma doença com cara de monstro, que adora ver todo
mundo que acredita em seu poder, escondido em casa ou nas tocas. Mas quando a
gente encara, enfrenta ele, o covarde foge e se esconde em outro lugar.
- Obrigado, amigo. Você me ajudou a me livrar desse
monstrinho chato e bobo, mas assustador.
- Amanhã vamos brincar juntos lá fora, valeu?
- Valeu!
Fica a lição: quando nos doamos aos outros, esquecemos
de nós mesmos superando assim os nossos medos e angústias.