Imponente e imperturbável, os passos calculados, um
charmoso senhor passeia pelas ruas estreitas de uma de suas propriedades nesse
mundo de meu Deus: é o Tempo.
Veste-se com uma elegância discreta, fala baixo,
senta-se na pracinha para observar os passantes, analisar os forasteiros, ouvir
os passarinhos, as juras dos namorados, as modas de viola e discretamente,
espichar o olho para ver os rabiscos de um pretenso poeta que endereça seus
versos à lua, pensando na mulher amada.
Coisas assim, naquela cidadezinha emoldurada por
montanhas, estâncias em flor, águas minerais, de hábitos noturnos com portas
encostadas e janelas abertas, onde o Tempo se debruça para olhar a vida que
prossegue em passos nupciais.
Uma curiosidade na cidadela, que de fictícia nada tem,
é que de hora em hora, só para interromper o cochilo gostoso de Silêncio, surge
o trem com seu apito vigoroso.
E Silêncio então - só para disfarçar - levanta-se,
passa a mão nos cabelos, olha o horizonte, visita alguns lugares e volta a
cochilar na certeza que será interrompido, mais uma vez, pelo apito que,
provocante, convida, desperta, excita e alerta, na noite negra ou no dia azul
da charmosa cidade de Paraíba do Sul.