domingo, 19 de outubro de 2014

Manía de poeta



Meu coração gosta tanto de ouvir os segredos
que o teu tem pra me contar...
pra transformar os cochichos em velhos rabiscos
que em versos vão terminar.
Meu coração tem manía de poeta,
cuja musa predileta é você,
não tem mais jeito...
Meu coração, esse estranho vagabundo,
que já cansou de correr mundo
e se mudou para o teu peito!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Tempos e modos

                            

Imponente e imperturbável, os passos calculados, um charmoso senhor passeia pelas ruas estreitas de uma de suas propriedades nesse mundo de meu Deus: é o Tempo.

Veste-se com uma elegância discreta, fala baixo, senta-se na pracinha para observar os passantes, analisar os forasteiros, ouvir os passarinhos, as juras dos namorados, as modas de viola e discretamente, espichar o olho para ver os rabiscos de um pretenso poeta que endereça seus versos à lua, pensando na mulher amada.

Coisas assim, naquela cidadezinha emoldurada por montanhas, estâncias em flor, águas minerais, de hábitos noturnos com portas encostadas e janelas abertas, onde o Tempo se debruça para olhar a vida que prossegue em passos nupciais.

Uma curiosidade na cidadela, que de fictícia nada tem, é que de hora em hora, só para interromper o cochilo gostoso de Silêncio, surge o trem com seu  apito vigoroso.


E Silêncio então - só para disfarçar - levanta-se, passa a mão nos cabelos, olha o horizonte, visita alguns lugares e volta a cochilar na certeza que será interrompido, mais uma vez, pelo apito que, provocante, convida, desperta, excita e alerta, na noite negra ou no dia azul da charmosa cidade de Paraíba do Sul.