quinta-feira, 28 de maio de 2015

Cores


- Tia, posso fazer uma pergunta?
- Se eu souber responder...
- Deus é pintor?
- Por quê, Gui?
- Porque ele pinta a pele das pessoas...
- Você gosta da cor que Deus usou em você?
- Eu acho que gosto, mas as vezes eu não gosto muito não.
-  Por quê?
- Porque os outros não gostam muito de preto...
- Qual é a cor da noite, Guilherme?
- É negra.
- E não é linda?
- É.
- Então não ligue para o opinião de algumas pessoas que nunca tiveram tempo para ver a beleza das cores que o divino Pintor usou na natureza e em cada um de nós. Se todo mundo fosse da mesma cor e se a Terra não ganhasse o colorido que tem, tudo seria tão triste!  Viva a diferença, que tudo embeleza, não é mesmo, meu menino lindo?
Guilherme acende para mim o seu belo sorriso e eu fico pensando no quanto o preconceito machuca a alma humana...


domingo, 24 de maio de 2015

Jogral





Grupos A e B

A)  Eu peço a sua atenção pra que eu possa aqui falar de alguém muito importante, do erudito ao popular.

B)  Ele? É brasileiro! E do Nordeste, sim senhor!

A)  Quem é? Quem será? Tô me coçando todo pra saber...

B)  Ele é... Ariano Suassuna! Um cabra bom, de valor.

A)  Oxente! Coisa boa quando vem, é bom pra valer.

B)  Suassuna tem história pra ninguém botar defeito.

A)  O homem nasceu com o verbo e a criação dentro do peito.

B)  E faz o quê o cidadão? É pedreiro, é?

A)  É não.

B)  É bombeiro, é?

A)  É não.

B)  É professor então?

A)  Iiichh...

B)  Pra fazer o que ele faz, tem que ter muito talento, tutano e atenção. E fazer com muito amor...

A)  Pois diga logo o que ele faz.

B)  Ariano é escritor.

A)  Eita! E dos bão?

B)  Melhor não pode ter!

A)  Fale um.

B)  O Santo e a Porca.

A)  Vixe! E outro?

B)  O Auto da Compadecida.

A)  Mas esse não é aquele?

B)  Aquele o quê, criatura?

A)  Aquele que virou peça de teatro, que virou filme?

B)  O próprio!

A)  Que beleza! E tu viste?

B)  Vi não...

A)  Leste o livro?

B)  Li não...

A)  E tu? E todos? Alguém aqui assistiu o Auto da Compadecida?

 

A e B)  Ainda não acabamos não. Suassuna é premiado no Brasil e no exterior. Foi Secretário de Educação e Cultura, Mestre e Doutor.

A)  Ah, e membro da A.B.L.

B)  Parou! A B... o quê?

A)  A.B.L. Sabe o que é não?

B)  Ninguém tem que saber tudo, meu irmão.

A)  Desinformado... Pois é a famosa Academia Brasileira de Letras. Precisamos ir lá conhecer.

B)  E onde fica esse lugar?

A)  Aqui mesmo, no Rio de Janeiro, sim, senhor!

B)  E pra gente chegar lá?

A)  Ônibus, carro, trem ou metrô.

B)  E os alunos da escola?

A)  Isso é problema do Diretor.

B)  E ainda tem mais alguma coisa pra dizer do poeta pernambucano?

A)  Mais livros pra mostrar.

B)  Mostra aí, quero comprar.

A)  O Casamento Suspeitoso.

B)  Mais um.

A)  A Pena e a Lei.

B)  Mais...

A)  O Romance d’ A Pedra do Reino e o Príncipe que Vai e Volta.

B)  Tô ficando até cansado, mas com a boca cheia d’ água de vontade ler.

A)  Ah, pois vá até a Sala de Leitura que lá tem livro que não acaba mais.

B)  De Suassuna?!

A)  Oxente! E de quem mais precisar. Livros bons, escritores brasileiros e estrangeiros. A S.L é o lugar!

 

A e B) Antes das nossas despedidas, vamos dizer para vocês 

          alguns versos do poeta Suassuna:

 

“Aqui morava um rei quando eu menino

Vestia ouro e castanho no gibão.

Pedra da sorte sobre um destino,

Pulsava junto ao meu seu coração.

Para mim, o seu cantar era divino,

Quando ao som da viola e do bordão,

Cantava com voz rouca o desatino,

O sangue, o riso e as mortes do sertão.”

 

A e B) Muito gratos a todos pela atenção. E viva Suassuna!

          Viva a cultura popular! Viva o Brasil!

 

                           Rio, 9 de outubro de 1012 .

                           E.M São Paulo – Sala de Leitura Polo

                            Professora Dirce Sales

 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Cartas de amor



Eu tenho a memória dos séculos cujos arquivos antigos reaparecem de quando em quando.

Então Poesia levanta-se do ninho do meu coração e me abraça.

Delicada e meiga, segura minha mão e escreve longas cartas de amor que eu, lamentavelmente, não tenho a quem endereçar.