terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mochilas cansadas


Cresce, e de forma um tanto preocupante, o caso das mochilas cansadas nos coletivos da nossa cidade.

Algumas percorrem um trajeto tão longo, que haja paciência e tolerância da população com os novos casos endêmicos, creio eu, mas creio também, seja necessário que as autoridades se mobilizem antes que isso vire uma epidemia...

Possívelmente o leitor pense que a blogueira seja vítima de uma alucinação ou que a idade já apresente sintomas de uma possível caduquice, mas é a mais absoluta realidade, infelizmente.

Talvez seja uma incompatibilidade entre as velhas mochilas e seus donos, e por isso, quem sabe, elas se recusem a viajar no colo deles, então vão para o banco ao lado para não terem que ficar no chão, coitadas.

Pobres de nós, os tímidos, que não temos coragem de discutir com as mochilas, nem lembrar a elas os nossos direitos. Imagine!

Afinal, quem quiser conforto que ande de táxi, como já disseram algumas mais petulantes, a quem ousou desafiá-las.

É meus amigos, o caso é sério...

Talvez eu devesse fotografar alguns casos, mas pensando bem, prefiro utilizar a câmara do celular para registrar coisas melhores, bonitas, porque de coisas feias a gente já anda saturado, concordam?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Refúgio


Sigo lentamente contra a correnteza do riacho cristalino, que reflete em suas águas sussurrantes, o nosso velho bosque e as nuvens que se debruçam no infinito.

Conheço cada pedra que repousa no fundo deste leito e elas me levam até você, meu amigo querido, que sereno e atencioso, me espera com ânimo forte e este sorriso encantador...

A cabana de troncos, com janelas sempre abertas, cortinas vaporosas e esvoaçantes que dançam livremente com o vento manso que circula pelas árvores amigas fazendo-as cantar canções de cigarras, de pássaros, de folhas murmurantes ou ainda se aquieta e nos convida a ouvir a melodia maviosa do silêncio de um entardecer...

Na sala, muitos livros, quadros, uma rede e um violão.

Na casa toda você, você e sua energia amorosa, que me completa e inspira.

Não precisamos de mais nada...

Afinal, com uma natureza exuberante como essa, um ambiente mágico totalmente ao nosso dispor e este sentimento que se perde nas dobras do tempo, não sobra muito espaço para coisas materiais.

E para que nos preocuparmos com o tempo se nos desfizemos dos relógios?! E sorrimos, cúmplices, cada vez que nos lembramos deste acordo - um tanto adolescente - para nossa idade real, mas se não há tempo, nem relógio, onde a idade?

E ao cair da noite saímos abraçados para contemplar as estrelas que vêm nos contar as mais lindas histórias de um tempo em que os homens, cansados da guerra, construíram cidades da paz e puderam saborear, sem pressa, o fruto da felicidade.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Valores


O que realmente tem valor na nossa vida?

Há alguns anos eu fiz parte de um grupo de visitação ao Hospital Colônia dos Hansenianos de Jacarepaguá, onde íamos uma vez por mês e ali, aprendíamos lições inesperadas e inesquecíveis.

Após a prece na Casa Espírita Filhos de Deus, caminhávamos por algumas alas onde ouvíamos os depoimentos de alguns internos e por último, nos dirigíamos ao Pavilhão, um prédio mais afastado para onde eram removidos aqueles que não tinham mais chances de sobrevivência.

Seu José, um senhorzinho conversador, ocupante de um dos leitos emoldurados pela janela aberta, foi o que mais me marcou o coração naquele longínquo domingo.

Ao despedir-me perguntei a ele com muita simplicidade:

- O que o senhor quer a gente lhe traga no mês que vem, seu José?
Esperava que ele me pedisse algo material, como é de praxe acontecer com a maioria de nós.

No entanto sem pressa, retendo minha mão entre as suas, respondeu quase num suspiro...


- O seu sorriso.