o sorriso maroto que se esconde,
que se esgueira por trás dos moirões,
dos troncos sinuosos de árvores estradeiras
só pra ver a vida que corre solta e livre,
tão livre quanto a menina deseja ser.
Mas nasceu fêmea e isso é pecado mortal!
no dizer dos antigos que teimam em
criar altares para as mulheres
e, para os homens, bridão nenhum.
Mas ela, atrevida, se esgueira silenciosa
a ouvir a conversa dos peões,
sem sensuras, sem composturas, sem peias.
Inútil atrelar arreios em potranca arredia
que se aproxima devagarinho, mas foge arisca
num galope provocante e encantador...
E a menina em mulher se fez,
e conquistou a independência, a relativa
liberdade,
e conheceu o prazer e a dor.
Entretanto, apesar de guerreira impetuosa e
forte,
não conseguiu impedir que a morte lhe
roubasse os afetos mais caros ao coração.
Hoje, ainda faz manha, ainda bate o pé e fala
alto
quando pensa que tem razão,
mas sabe ser doce, sabe acolher
porque gosta de ter ao redor de si,
muita gente, muita gente... e assim,
ouvir o ritmo dos corações que em
compassos diferentes
terminam por compor a melodia romântica, que
ela,
sonha um dia inspirar, porque - ainda que não
saiba -,
musa é o que a vida inteira, desejou ser.
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