domingo, 19 de julho de 2015

Eu e as latinhas


Há alguns anos eu participava de um projeto que levava alimentos para a população de rua.

Durante o inverno, prevalecia uma sopa suculenta e tão cheirosa, feita com tanto carinho pelas tias da cozinha, que até a gente sentia vontade de tomar também.

Por questões de segurança no transporte e igualdade na divisão, o alimento era armazenado em latas de leite em pó vazias e devidamente higienizadas. Por isso era comum e permanente a campanha de doações do precioso vasilhame.

Como eu trabalhava numa escola de primeiro segmento onde o uso do leite em pó era diário para as crianças, informei à direção sobre o projeto e obtive a permissão para retirar as latas vazias.

Naquela tarde consegui algo em torno de trinta unidades, que acomodei em duas sacolas plásticas.

Aí o lado cômico da situação:

Ao entrar no ônibus, uma das sacolas se rompeu e foi uma barulhada daquelas!

A reação dos passageiros foi imediata:

- Ai, meu Deus!

- Que isso, gente?!

- O mundo tá acabando?

E eu, apesar do constrangimento, expliquei:

- Calma gente, são apenas latinhas vazias.

- Aí, galera, vamos ajudar a professora!

E foi um corre-corre danado, porque o ônibus em movimento fazia com que as benditas latas rolassem mais rapidamente e as pessoas não conseguissem retê-las, nem o riso e a pilhéria tão comum ao carioca que guarda também, um grande espírito de solidariedade.

6 comentários:

  1. Aparentemente um caso trivial e engraçado, porém com profunda lição de solidariedade humana.

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  2. Solidareco kaj bona humoro bone kombinighas.

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  3. Dirce minha querida, vc não existe.
    Você é D+ !
    Impagável e único !
    Só podia ser contigo !
    Beijos.

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