domingo, 13 de novembro de 2016

Cotidiano


Rua 13 de Maio,  Rio de Janeiro, 18 horas, fluxo intenso e em meio a tantas vozes, uma se alteia, imperativa:

- Natã, aqui! Aqui, Natã, comigo!

Olho na direção da voz, pensando tratar-se de uma ordem a um cão e, entretanto, era a um homem!

Um homem com uma deficiência severa.

Ela, sua mãe, talvez...

Ambos unidos pelo destino.

Ele, um tanto perdido em meio à rua, interrompera a caminhada e olhava a banca de revistas repleta de capas coloridas, fotografias, mil apelos, música, muitas vozes...

Mas aquela voz que se alteava entre as demais lembrava-lhe a dependência, a obediência a uma mulher, bonita ainda, os cabelos descoloridos pelo tempo, os sulcos profundos na face, sofrida por certo, mas que autoritária, o direciona, tirando-o do seu devaneio momentâneo.


Trota até ela, que o pega pelo pulso, a guisa de uma coleira talvez, e os dois seguem pelo Beco dos Poetas, diante do meu olhar que me convida a refletir um pouco mais sobre o comportamento humano diante das adversidades, venturas ou desventuras desta vida...