Rua 13 de Maio, Rio de Janeiro, 18 horas, fluxo intenso e em meio a
tantas vozes, uma se alteia, imperativa:
- Natã, aqui! Aqui, Natã, comigo!
Olho na direção da voz, pensando tratar-se de uma ordem
a um cão e, entretanto, era a um homem!
Um homem com uma deficiência severa.
Ela, sua mãe, talvez...
Ambos unidos pelo destino.
Ele, um tanto perdido em meio à rua, interrompera a
caminhada e olhava a banca de revistas repleta de capas coloridas, fotografias,
mil apelos, música, muitas vozes...
Mas aquela voz que se alteava entre as demais
lembrava-lhe a dependência, a obediência a uma mulher, bonita ainda, os cabelos
descoloridos pelo tempo, os sulcos profundos na face, sofrida por certo, mas
que autoritária, o direciona, tirando-o do seu devaneio momentâneo.
Trota até ela, que o pega pelo pulso, a guisa de uma
coleira talvez, e os dois seguem pelo Beco dos Poetas, diante do meu olhar que
me convida a refletir um pouco mais sobre o comportamento humano diante das
adversidades, venturas ou desventuras desta vida...