- Tenho medo do escuro, dizia ele constantemente.
- E por que, Vinícius?
- Tem monstros. Muitos...
- E quando a noite chega, o que você faz?
- Só durmo com a luz acesa.
- Se faltar luz?
- Eu cubro a cabeça!
- Aí fica mais escuro ainda... Sabe, Vinícius, eu tenho
uma ideia que talvez possa ajudá-lo a vencer esse medo.
- O que é?!
- Toda vez que vier o medo do escuro, pense nos cegos.
- Pra quê, professora?
- Porque quando anoitece, você pode acender uma lâmpada
ou uma vela para afastar os seus monstros e fantasmas, mas e eles?
Vinícius me olhou como se me visse pela primeira vez e
se foi.
Era o recesso de julho.
Algum tempo depois, ao retornarmos às aulas, ele aproximou
seu rosto do meu e disse com um ar de cumplicidade:
- Perdi o medo do escuro!
Eu ainda tenho os meus próprios medos, mas quando me
lembro do meu ex-aluno e da minha receita tão simples e tão eficaz para ele,
vou me esquecendo deles por aí...
A aparente simplicidade desse conto esconde e revela uma profunda sabedoria da arte de viver.
ResponderExcluirLinda história!
ResponderExcluirBele konstruita dialogo! Esperantiginda!
ResponderExcluirMuito lindo minha querida !
ResponderExcluir