Oito horas da manhã, o coletivo já com passageiros em pé,
pela escassez de carros na linha em questão, e a jovem sentada no banco
destinado aos idosos, gestantes ou deficientes, desvia o olhar pela janela para
não encarar o velhinho que se posta justo ao seu lado.
Ele nada diz, apenas permanece de pé, ou tenta fazê-lo entre
os solavancos e freadas bruscas do veículo em marcha acelerada.
Então a jovem decide fechar os olhos para não ter que encarar
aquela realidade tão desagradável.
Até que voz justiceira se alteia pelo coletivo:
- Olha a consciência, galera! Na moral, dá lugar pro
coroa aê, bacana! Não é favor não, brother, é lei! Sabe ler não? Ô raça! Tem a
raça negra, a branca, a vermelha, a amarela, mas tem a raça ruim também.
Era uma moça toda tatuada, cabelos multicoloridos,
cheia de piercings, meio
que malvista e malquista pela própria geração que ela tão calorosamente defendia, que fazia valer o direito constitucional do idoso – aliás, essa palavra pesa mais que o passar dos anos e dos pecados cometidos ou pensados, nesta vida... Ô língua!
E a jovem dos olhos desviados - que me perdoe Machado de Assis – levantou-se muito a contra gosto, e na primeira parada fez questão de descer vociferando e gesticulando, sob as vaias de alguns, que embora sejam contra, nada fazem para modificar certas situações, muito mais comuns do que se pensa, no cotidiano dos milhares de passageiros nos coletivos da nossa grande cidade.
Penso que a nossa justiceira merecia, se não os aplausos por sua nobre atitude, pelo menos um obrigado daquele que foi tão generosamente favorecido e defendido por ela... Ô povo!
Parabéns por mais uma ótima crônica narrativa como só você sabe fazer!
ResponderExcluir"A Vida como ela é". Tio instruas pri la spiritstato de la popolo, pri la kvalito de la publikaj servoj kaj pri la nivelo de eduko. Tre realisma.
ResponderExcluirLinda, parabéé´ns. muito fofo este blog. Que Deus te abençoe sempre. gde bjuuuuuuuu
ResponderExcluirInfelizmente é rotina nos coletivos, tão bom seria se fosse apenas uma historia...
ResponderExcluirPrecisamos aprender a respeitar uns aos outros!
ResponderExcluirFalta amor. O amor nos dá empatia e a empatia faz com que consigamos sentir as necessidades dos outros seres humanos.