Porque eu fosse pequena e leve, seguia no colo de
Antonia, a moça que trabalhava onde eu morava.
Carregava-me sobre os ombros, numa alegria contagiante
e boa, para passar o dia em sua casa, uma construção simples, com paredes
caiadas, branquinhas, branquinhas feito nuvens de maio, em meio a um formoso
eucaliptal, no sul da incomparável Minas Gerais.
Após o lauto café, cujo aroma percorria a casa toda,
com direito a milho cozido e bolo de fubá fresquinho, feito no fogão de lenha, nós
íamos para o terreiro e Antonia buscava as árvores jovens, portanto mais baixas
e flexíveis. Ia envergando o vegetal, até que o topo ficasse junto de nós.
- Segura na ponta, bem firme, e solta o corpo. Deixa a
árvore brincar com você. Confia nela.
E como a árvore tivesse boa maleabilidade, eu subia e voltava
ao solo, tocando-o apenas com a ponta do pé.
E sentindo a energia que fluía do vegetal e da própria
Antonia, com sua alegria boa, brincava feliz, como se subisse e descesse em
ondas que se delineavam lindamente aos meus olhos de criança.
As pessoas simples às vezes passam muito rapidamente nas
nossas vidas, mas como a nota de fundo de um bom perfume, ficam impressas em
nossa memória afetiva para sempre.
Hoje, possivelmente a minha Antonia já seja uma
estrela, ou more em alguma delas... e se nas estrelas também se plantam
eucaliptos, eu gostaria de visitá-la um dia, para que junto a um desses troncos
energéticos a gente pudesse espalhar as lembranças pelo chão e rir o bom riso de
quem aprendeu a viver ao natural.
O leitor embarca na poesia dessa narrativa e descobre um encanto especial com cheiro de infância e eucalipto. Parabéns, Dirce!
ResponderExcluirParabéns, Dirce! Seus "Contos & Encantos" sempre me encantam...
ResponderExcluirDelikata sceno el la infanagho, kiu perfekte bildigas la lumajn rememorojn, kiuj formas la menson magian de Poeto. Ghi povus transformighi en belan filmeton sen vortoj, nur el muziko kaj rido...
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