sábado, 9 de janeiro de 2016

Discurso


Rio de Janeiro, verão a todo vapor, ônibus lotado, ar condicionado sem dar vazão e o cidadão em pé, próximo ao motorista, inicia o seu discurso vazio contra o governo...

Dos policiais que detêm e liberam os menores em seguida, aos milhões desviados, cantados e decantados pelo filho do ex-presidente, que aliás, nem sabe que ele, cidadão sardinha-em-lata, vive, ou melhor, sobrevive neste país, possuía também as soluções para todos os problemas aparentes e pasmem! o cidadão cogitava importar o “presidente” do Japão para colocá-lo na presidência do Brasil! Oi?! Ouvi direito?

Até aí ele falava sozinho.

De repente, outro cidadão sardinha da mesma lata, decidiu dar a sua pitada de opinião e manteve um pouco a palavra até que seu oponente, sabe-se lá porquê,  decidiu usar o termo país-continente, e percebendo que o outro não soubesse talvez o significado disso, empertigou-se todo para já passar os seus conhecimentos de geografia e história, e aí já olhando para todos os lados, buscando plateia, quando o motorista decidiu interferir, e cá entre nós,  não sem tempo:

- O meu parceiro, candidate-se logo a vereador, aproveite e reivindique para todas as frotas, um motor menos quente que esse, ar condicionado para todos os veículos, ah! e que funcionem! E, se possível, uma cabine individual para o motorista trabalhar sossegado. Falou?

Calou-se o cidadão.

3 comentários:

  1. Ótima narração, Dirce! Com uma "pegada" cômica! A cara do carioca! :)

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  2. Originalidade na abordagem do cotidiano do cidadão sardinha-em-lata, em tempos de ausência de adequada mobilidade urbana em grandes centros e chegado a um discurso vazio. Bela crônica..

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  3. Bonega kronikaĵo tipa en Rio. Mi suspektas, ke la aŭtoro travivis la scenon fakte, en la urbo. Kaj kaptis la humuron de Rio-anoj!

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