Pedro e Luzia brincavam tranquilamente na Rua dos
Sonhos quando foram atraídos por uma casa.
Era uma casinha linda, toda enfeitada de estrelinhas,
sois, luas, flores, corações, animaizinhos, brinquedos... tudo lindo e colorido
como gostam de ver os olhos curiosos das crianças.
De repente, uma voz fininha e engraçada soou lá de
cima do armário de doces:
- O-i!
- Oi! Responderam as crianças.
- Quem são vocês?
- Nós somos Pedro e Luzia. E você?
- Eu sou a letra A.
- Muito prazer!
- igualmente. O que vocês estão fazendo aqui?
- A gente brincava lá fora quando esta casa nos puxou
como se fosse um grande ímã. E aqui estamos, mas e você? O que faz aqui?
- Eu moro aqui.
- Sozinha?!
- Não. Eu e meus irmãos. Querem conhecê-los?
- Claro!
E a letra A, muito rápida e esperta, desceu do armário
e pulou na frente dos meninos, conduzindo-os pela casa, com muita alegria.
- Venham! É por aqui.
E naquela casinha simpática, muito à vontade, o A abriu
uma certa porta e os meninos arregalaram os olhos admirados... Em meio a um
salão imenso, as letras iam e vinham sem parar!
O B batia um tambor, muito
sério, andando pra lá e pra cá.
O C construía casas,
castelos, pontes, o que desse!
O D ditava ordens, não se
sabe a quem.
O E esperava alguém, com a
mão sobre os olhos, olhando ao longe.
O F falava, falava qual
político em época de eleição.
O G gozava com a cara de
todo mundo, ora fazendo um som, ora outro.
O H harmonizava tudo, com
classe e elegância.
O I irritava-se a toa,
como um velho resmungão.
O J ficava pendurado numa
linha, quietinho, brincando de anzol.
O L lambuzava-se todo, com
um delicioso sorvete de chocolate.
O M martelava móveis,
paredes, portas e janelas, com ares de construtor.
O N ninava outro enezinho,
O O orava baixinho,
contrito, revelando devoção.
O P pintava tudo que
encontrava pela frente.
O Q quebrava os
brinquedos, pura pirraça, querendo chamar a atenção de todos.
O R ria de tudo, um grande
folgazão.
O S somava o tempo todo,
numa calculadora invisível.
O T trabalhava tanto, mas
tanto, que interrompê-lo parecia impossível!
O U uivava imitando um
lobinho da floresta vizinha.
O V voava divertido, na
vassoura da Bruxinha.
O X xingava todo mundo,
bancando o mal educado.
E o Z zumbia escondido da
abelhinha ao lado.
Os meninos estavam
fascinados! Nunca tinham visto algo semelhante! Nunca pararam pra pensar que as
letras não param nunca!
- Vocês só fazem isso o
tempo todo? Perguntou Luzia.
- Não! Nós organizamos os
objetos, nomeamos pessoas, lugares, classificamos pastas, compomos canções,
escrevemos livros, mas o que a gente mais gosta de fazer é brincar de “virar” e
“desvirar”.
- Que isso? Perguntou
Pedro, sem conter a curiosidade.
- É assim.
E o A, com as mãos em
concha, gritou ao seu modo:
- BÊ-Ê... vem cá.
- To indo! E veio com seu
tambor atender ao chamado da irmã.
- OO O... - e cantava ao
chamar.
- Já vou!
- Eeeee-leee..
- Peraí! Disse o L,
limpando a boca com as costas da mão.
Quando estavam todos
juntos, o A soltou a voz de comando:
- Pelotão... sentido!
- Qual é a ordem, Senhor?!
Gritaram em coro as letrinhas.
- “Virar” BOLA!
E o B foi pra frente da
fila, o O para trás do B, o L em seguida e o A, após passar o pelotão em revista,
foi para o último lugar da fila e assim juntos, formaram a palavra BOLA.
As crianças aplaudiram
sorrindo e as letrinhas agradeceram, numa reverência.
- Mais um! Mais um! Mais
um! Gritaram empolgadas.
- Pelotão... sentido!
Ordenou o A.
- Sim, Senhor!
- Posição para desvirar
BOLA e virar LOBA. Pelotão,
marcar passo: 1,2! 1,2! 1,2!
E assim, ao comando de A,
o L deu dois passos atrás, girou à esquerda e posicionou-se onde estava B,
enquanto este, deu dois passos à frente, girou à direita e marchou para onde
anteriormente estava o L. Quando todos estavam no lugar certo, A gritou:
- Pelotão... alto!
E os meninos viram BOLA
transformar-se em LOBA, mas como L teve
que correr para o banheiro por causa da gula, LOBA virou OBA e demorou tanto,
que B dormiu, por isso quando ele voltou, juntou-se ao A e ao O, formando a
palavra AOL, que os meninos tinham visto no computador.
Então A retirando de uma
caixa, dois chapéus com formatos diferentes, formou a palavra ALÔ e em seguida,
no vira-desvira, a palavra OLÁ.
Os meninos aplaudiram
muito e com entusiasmo, abraçaram e beijaram as letrinhas que sempre correndo e
pulando, numa energia sem fim, penduraram-se num varal de roupas e formaram a
seguinte mensagem;
“Tchau Pedro e Luzia. Foi
muito bom vocês terem vindo nos visitar. Voltem quando quiserem e juntos
poderemos brincar muito, muito!”
- Tchau, letrinhas. Foi
muito legal visitar vocês e nós vamos voltar, com certeza!
As letras retornaram as
suas brincadeiras e A levou os meninos até ao portão, para despedir-se.
Nossos amiguinhos voltaram
para casa, decididos a contar para todo mundo aquela grande aventura.
Mas como ninguém
acreditaria neles mesmo, lembraram-se do segredo que as letrinhas amigas
confiaram a eles:
- Virem escritores! Porque
num livro todo mundo acredita! E foi assim que transformou-se em conto essa
história tão bonita...
Essa narração mágica e encantadora merece ser publicada em livro ilustrado e colorido para a alegria das crianças e adultos. Parabéns, bruxinha talentosa e criativa!
ResponderExcluirVefe! Bona ideo de Nazare! Ĝi povus fariĝi infanlibreto tre ĉarma!
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