sábado, 2 de janeiro de 2016

Uma casa diferente



Pedro e Luzia brincavam tranquilamente na Rua dos Sonhos quando foram atraídos por uma casa.

Era uma casinha linda, toda enfeitada de estrelinhas, sois, luas, flores, corações, animaizinhos, brinquedos... tudo lindo e colorido como gostam de ver os olhos curiosos das crianças.

De repente, uma voz fininha e engraçada soou lá de cima do armário de doces:

- O-i!
- Oi! Responderam as crianças.
- Quem são vocês?
- Nós somos Pedro e Luzia. E você?
- Eu sou a letra A.
- Muito prazer!
- igualmente. O que vocês estão fazendo aqui?
- A gente brincava lá fora quando esta casa nos puxou como se fosse um grande ímã. E aqui estamos, mas e você? O que faz aqui?
- Eu moro aqui.
- Sozinha?!
- Não. Eu e meus irmãos. Querem conhecê-los?
- Claro!

E a letra A, muito rápida e esperta, desceu do armário e pulou na frente dos meninos, conduzindo-os pela casa, com muita alegria.

- Venham! É por aqui.

E naquela casinha simpática, muito à vontade, o A abriu uma certa porta e os meninos arregalaram os olhos admirados... Em meio a um salão imenso, as letras iam e vinham sem parar!

O B batia um tambor, muito sério, andando pra lá e pra cá.
O C construía casas, castelos, pontes, o que desse!
O D ditava ordens, não se sabe a quem.
O E esperava alguém, com a mão sobre os olhos, olhando ao longe.
O F falava, falava qual político em época de eleição.
O G gozava com a cara de todo mundo, ora fazendo um som, ora outro.
O H harmonizava tudo, com classe e elegância.
O I irritava-se a toa, como um velho resmungão.
O J ficava pendurado numa linha, quietinho, brincando de anzol.
O L lambuzava-se todo, com um delicioso sorvete de chocolate.
O M martelava móveis, paredes, portas e janelas, com ares de construtor.
O N ninava outro enezinho,
O O orava baixinho, contrito, revelando devoção.
O P pintava tudo que encontrava pela frente.
O Q quebrava os brinquedos, pura pirraça, querendo chamar a atenção de todos.
O R ria de tudo, um grande folgazão.
O S somava o tempo todo, numa calculadora invisível.
O T trabalhava tanto, mas tanto, que interrompê-lo parecia impossível!
O U uivava imitando um lobinho da floresta vizinha.
O V voava divertido, na vassoura da Bruxinha.
O X xingava todo mundo, bancando o mal educado.
E o Z zumbia escondido da abelhinha ao lado.

Os meninos estavam fascinados! Nunca tinham visto algo semelhante! Nunca pararam pra pensar que as letras não param nunca!

- Vocês só fazem isso o tempo todo? Perguntou Luzia.
- Não! Nós organizamos os objetos, nomeamos pessoas, lugares, classificamos pastas, compomos canções, escrevemos livros, mas o que a gente mais gosta de fazer é brincar de “virar” e “desvirar”.
- Que isso? Perguntou Pedro, sem conter a curiosidade.
- É assim.
E o A, com as mãos em concha, gritou ao seu modo:
- BÊ-Ê... vem cá.
- To indo! E veio com seu tambor atender ao chamado da irmã.
- OO O... - e cantava ao chamar.
- Já vou!
- Eeeee-leee..
- Peraí! Disse o L, limpando a boca com as costas da mão.

Quando estavam todos juntos, o A soltou a voz de comando:

- Pelotão... sentido!
- Qual é a ordem, Senhor?! Gritaram em coro as letrinhas.
- “Virar” BOLA!

E o B foi pra frente da fila, o O para trás do B, o L em seguida e o A, após passar o pelotão em revista, foi para o último lugar da fila e assim juntos, formaram a palavra BOLA.

As crianças aplaudiram sorrindo e as letrinhas agradeceram, numa reverência.

- Mais um! Mais um! Mais um! Gritaram empolgadas.
- Pelotão... sentido! Ordenou o A.
- Sim, Senhor!
- Posição para desvirar BOLA e virar LOBA. Pelotão, marcar passo: 1,2! 1,2! 1,2!

E assim, ao comando de A, o L deu dois passos atrás, girou à esquerda e posicionou-se onde estava B, enquanto este, deu dois passos à frente, girou à direita e marchou para onde anteriormente estava o L. Quando todos estavam no lugar certo, A gritou:

- Pelotão... alto!

E os meninos viram BOLA transformar-se em LOBA, mas como L  teve que correr para o banheiro por causa da gula, LOBA virou OBA e demorou tanto, que B dormiu, por isso quando ele voltou, juntou-se ao A e ao O, formando a palavra AOL, que os meninos tinham visto no computador.

Então A retirando de uma caixa, dois chapéus com formatos diferentes, formou a palavra ALÔ e em seguida, no vira-desvira, a palavra OLÁ.

Os meninos aplaudiram muito e com entusiasmo, abraçaram e beijaram as letrinhas que sempre correndo e pulando, numa energia sem fim, penduraram-se num varal de roupas e formaram a seguinte mensagem;

“Tchau Pedro e Luzia. Foi muito bom vocês terem vindo nos visitar. Voltem quando quiserem e juntos poderemos brincar muito, muito!”

- Tchau, letrinhas. Foi muito legal visitar vocês e nós vamos voltar, com certeza!

As letras retornaram as suas brincadeiras e A levou os meninos até ao portão, para despedir-se.

Nossos amiguinhos voltaram para casa, decididos a contar para todo mundo aquela grande aventura.

Mas como ninguém acreditaria neles mesmo, lembraram-se do segredo que as letrinhas amigas confiaram a eles:

- Virem escritores! Porque num livro todo mundo acredita! E foi assim que transformou-se em conto essa história tão bonita...



2 comentários:

  1. Essa narração mágica e encantadora merece ser publicada em livro ilustrado e colorido para a alegria das crianças e adultos. Parabéns, bruxinha talentosa e criativa!

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  2. Vefe! Bona ideo de Nazare! Ĝi povus fariĝi infanlibreto tre ĉarma!

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