sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Refúgio


Sigo lentamente contra a correnteza do riacho cristalino, que reflete em suas águas sussurrantes, o nosso velho bosque e as nuvens que se debruçam no infinito.

Conheço cada pedra que repousa no fundo deste leito e elas me levam até você, meu amigo querido, que sereno e atencioso, me espera com ânimo forte e este sorriso encantador...

A cabana de troncos, com janelas sempre abertas, cortinas vaporosas e esvoaçantes que dançam livremente com o vento manso que circula pelas árvores amigas fazendo-as cantar canções de cigarras, de pássaros, de folhas murmurantes ou ainda se aquieta e nos convida a ouvir a melodia maviosa do silêncio de um entardecer...

Na sala, muitos livros, quadros, uma rede e um violão.

Na casa toda você, você e sua energia amorosa, que me completa e inspira.

Não precisamos de mais nada...

Afinal, com uma natureza exuberante como essa, um ambiente mágico totalmente ao nosso dispor e este sentimento que se perde nas dobras do tempo, não sobra muito espaço para coisas materiais.

E para que nos preocuparmos com o tempo se nos desfizemos dos relógios?! E sorrimos, cúmplices, cada vez que nos lembramos deste acordo - um tanto adolescente - para nossa idade real, mas se não há tempo, nem relógio, onde a idade?

E ao cair da noite saímos abraçados para contemplar as estrelas que vêm nos contar as mais lindas histórias de um tempo em que os homens, cansados da guerra, construíram cidades da paz e puderam saborear, sem pressa, o fruto da felicidade.

4 comentários:

  1. Parabéns, Poeta! A literatura pode ser um refúgio que também liberta! O eu lírico teceu uma narrativa bucólica que nos acolhe e pacifica.

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  2. Vere idilia sceno. Ĉu sopiro pri la Paradizo?

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  3. Que romântico!Parabéns pelo lindo texto!

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  4. Um momento...um encontro do eu-lírico com a centelha divina. Parabéns.

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