Entre o temor e a curiosidade, venceu a segunda e ao
abrir a porta fiquei sem saber o que fazer ou o que dizer.
Diante de mim, em pé, estava uma cópia de mim mesma!
Embora habituada à minha figura diante do espelho, senti
uma estranheza ao me ver numa outra projeção, uma espécie de 3D, algo deveras
surreal para mim, embora fora acostumada a ver e ouvir fatos e relatos em
situações diversas e bem diferentes do comum.
Deveria convidá-la (ou convidar-me) a entrar?
Venceu a educação e num gesto cortês e uma voz que não me
vinha da garganta eu a fiz (ou me fiz) entrar.
Não sabia o que dizer.
Estranho esse sentimento de ver-nos a nós mesmos e nos
sentirmos tão pouco à vontade...
Deveria oferecer um café ou quem sabe fazer uma prece?
A visitante por sua vez, nada dizia, apenas me acompanhava nos mínimos gestos com um olhar indefinível.
Sempre lera bastante sobre o Eu superior o eu comum, mas seria aquele o meu Eu superior exteriorizado?
Descansei suavemente minha mão sobre a sua e simplesmente
disse num suspiro: Desculpe-me a falta de jeito, mas você sou eu e não sei como
acolher a mim mesma.
Talvez resida nisso os problemas conflitantes entre nós,
simples mortais, o fato de não termos aprendido a acolher a nós mesmos, vermos
as nossas imperfeições como algo natural nesse processo de aprendizagem, que é
viver.
Quantas vezes fomos punidos por errarmos, quando o erro é
parte integrante do acerto...
Por que nossos educadores deram a fatos tão simples uma
complexidade tal que o medo nos calou a voz que deveria sair da garganta e
ganhar todos os espaços?
Nossos olhos marejados e as mãos trêmulas, entrelaçadas
com tanta ternura, desculpavam-se ao entendermos finalmente, que não
precisávamos mais buscar tantos argumentos ou justificativas porque finalmente
compreendemos o valor grandioso do eu em suas dimensões e suas relações com o
outro, com Deus, porque o outro sou eu e ambos estamos no mesmo Deus que há em
nós.
La rakonto estas plena de simboloj kaj forto. Kiu kuraĝus akcepti la viziton de alia versio de ŝi mem?
ResponderExcluirSensacional!
ResponderExcluirExato!
Pura transcendência! O último parágrafo é para ser lido todo dia!
ResponderExcluirQuerida Dirce esse seu momento, bem reflexivo, nos convida, fazer esse mergulho, ao nosso Eu... como é dificil e como tememos esse encontro. Obrigada por nos encorajar. Parabenizo esse momento de plenitude em que voĉe se encontra!!
ResponderExcluirMelhor expressando..... Parabenizo. esse momento que voĉe vivencia!!
ResponderExcluirQue seja longo !
Aguardamos os frutos !!
Dirce, que conto mais lindo!!!
ResponderExcluirMuito profundo...
Você é uma criatura maravilhosa e uma amiga excelente.
Que Deus abençoe sempre
Lindo!
ResponderExcluirParabéns! Belíssimos contos!
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