domingo, 2 de novembro de 2014

Cotidiano




Minha bisavó materna, libanesa, brava como ninguém, apesar de muitos anos no Brasil, jamais conseguiu dominar o nosso idioma.

Por causa disso, ocorreram algumas situações que apesar de dramáticas para ela, não deixavam de ser pitorescas para nós, como por exemplo, o episódio da bilheteria da estação ferroviária.

Acompanhada de uma das netas, ela aproximou-se da bilheteria e disse com seu sotaque carregado:

- Quero “bassage” para “novebessoa”

O funcionário rapidamente destacou os nove bilhetes e entregou a ela que começou a esbravejar e xingar na sua língua natal e batendo o pé, repetia:

- Eu dizer bassage pra novebessoa!

- Então senhora! Estão aqui as nove passagens.

- No! No! No! Fala netinho minha. Fala, filino, fala bra onde vovó ta indo...

- É pra Nova Iguaçu!                  


E a confusão continuou até a chegada providencial de meu avô que sabia bem o que era preciso fazer numa situação dessas.

2 comentários:

  1. De uma incompreensão linguística comum você soube extrair um saboroso e divertido conto. Parabéns!

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