quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Mansinha



- Deita, Genisse! Faz que tá morto!

Assim gritavam meus tios, da varanda da casa de vovó, que próxima ao curral,permitia-lhes assistir uma cena tragicômica vivida pelo irmão que voltava da boemia, bem cedinho.

Mansinha, uma vaca mocha, brava como o cão, e de cria nova então, um perigo! estava no lugar certo mas na hora errada para tio Genecy - ou Genisse, para os irmãos - que teve a infeliz ideia de cortar caminho pelo curral. Ao vê-lo, ela partiu pra cima do infeliz como um raio!

Sem outra alternativa, ele jogou-se ao solo e ali ficou, hirto como um graveto, os braços colados no corpo, a respiração suspensa, a boca cerrada e os olhos fechados.

Ela aproximou-se, parou e sem poder atingi-lo, urinou e defecou sobre o coitado que nem respirar podia!

Nisso os irmãos, munidos de garruchão – uma vara roliça com um arpão na ponta – e que pressionada no corpo do animal o faz recuar pela reação dolorosa que causa, vieram em seu socorro.

Uma vez afastada a ameaça, o coitado viu-se preso às gozações dos irmãos, às reprimendas de minha avó e de um banho, que por mais demorado que fosse, demorou toda uma vida para tirar a impressão do cheiro e da angústia vividos.


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